[Quotes] A Hora da Estrela, de Clarice Lispector - Tomo Literário

[Quotes] A Hora da Estrela, de Clarice Lispector

Compartilhe


Ler uma obra de Clarice Lispector é sempre olhar para além da história que nos é contada. No texto da escritora encontramos uma série de observações que nos fazem refletir. Ao reler A Hora da Estrela para debate que aconteceu em 2018 (dezembro) do Clube de Leitura Devoradores de Livros, marquei alguns quotes que venho dividir com vocês. São quotes que estão relacionados ao ato de escrever, posto que há no livro um personagem-narrador, Rodrigo S. M., que é escritor (um alter-ego de Clarice).

...não esquecer para escrever não-importa-o-quê o meu material básico é a palavra.

...a palavra é fruto da palavra. A palavra tem que se parecer com a palavra. Atingi-la é o meu primeiro dever para comigo. E a palavra não pode ser enfeitada e artisticamente vã, tem que ser apenas ela.

Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

Por que escrevo? Antes de tudo porque captei o espírito da língua e assim às vezes a forma é que faz conteúdo. Escrevo portanto (...) por motivo de força maior...

Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espalhados.

Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.

Quanto a mim, só me livro de ser apenas um acaso porque escrevo, o que é um ato que é um fato. É quando entro em contato com forças interiores minhas, encontro através de mim o vosso Deus. Para que escrevo? E eu sei? Sei não.
 É. Parece que estou mudando de modo de escrever. Mas acontece que só escrevo o que quero...

...simbolicamente morro várias vezes só para experimentar a ressurreição.

E o que escrevo é uma névoa úmida. As palavras são sons transfundidos de sombras que se entrecruzam desiguais, estalactites, renda, música transfigurada de órgão. Mal ouso clamar palavras a essa rede vibrante e rica, mórbida e obscura tendo como contratom o baixo grosso da dor. Alegro com o brio. Tentarei tirar ouro do carvão.

O livro foi resenhado pelo Tomo Literário e você pode conferir aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.

Pages