A diferença sexual e o arrebatamento de Lacan - Tomo Literário

A diferença sexual e o arrebatamento de Lacan

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Especialista em livros de psicanálise, Aller Editora lança neste mês duas obras sobre gênero e questões da psique humana
Depois de Lacan, leitor de Joyce, a Aller Editora lança mais uma obra que flerta com literatura e psicanálise. Em O Arrebatamento de Lacano psicanalista francês Érik Porge mergulha na análise do texto lacaniano, apresentando as relações que se dão no livro O arrebatamento de Lol V. Stein, de Marguerite Duras. Com base nos artigos de Lacan, ele analisa a personagem Lol na estrutura da obra de Duras. Como bom pesquisador, Porge vai além e é capaz de notar o que está ainda mais submerso: a relação de três elementos que se formam entre O arrebatamento de Lol V. Stein, Duras e Lacan.
A casa editorial ainda traz aos leitores brasileiros, a segundo impressão de A diferença sexual: gênero e psicanálise, livro organizado pelo psicólogo e psicanalista argentino Mariano Daquino. A obra, que conta com a contribuição de diversos psicanalistas argentinos e brasileiros, aborda as novas maneiras de habitar a diferença entre os sexos, e suas consequências: novas presenças da sexualidade, novas modalidades familiares, identidades sexo-genéricas dissidentes, entre outros. Esse livro permite uma reflexão, de maneira contundente, sobre questões que trazem em seu cerne a diferença sexual.
Inspirada na palavra francesa Aller, que significa “ir”, a casa editorial convida leitores, atuantes na área de psicanálise ou não, a percorrer caminhos que cruzam fronteiras e a embarcar nessa aventura que é ler.
A Diferença Sexual: Gênero e Psicanálise

É função do analista recuperar o singular no coletivo, sem desconsiderar o mal-estar na civilização e nos laços sociais. Devemos levar em conta as novas figuras do mal-estar na cultura – a violência contra mulher e o feminicídio, a segregação e a discriminação das minorias sociais e sexuais com seus correlatos identitários – e promover o respeito pela diferença que marca a posição desejante ética e singular. 
A psicanálise em extensão hoje nos convida a pensar sobre as novas maneiras de habitar a diferença entre os sexos, e também sobre suas consequências: novas presenças da sexualidade, novas modalidades familiares, identidades sexo-genéricas dissidentes, não hegemônicas, e, consequentemente, novas apresentações dos sintomas e do padecimento subjetivo.
O arrebatamento de Lacan

Aquele que ousar ler uma das obras de Marguerite Duras não sairá impune dessa experiência. Lacan foi tomado pelo O arrebatamento de Lol V. Stein. Depois de seu encontro com essa leitura, teve que produzir um texto, daí a escrita de sua Homenagem.
Porge mergulha na análise do texto lacaniano, discorrendo sobre as relações que se dão a três nesse livro de Duras: Lol, Michael Richardson e Anne-Marie Stretter; Lol, Jacques Hold e Tatiana Karl. Mas como mergulhador, Porge vai além e é capaz de notar o que está ainda mais submerso: a relação a três que se forma entre O arrebatamento de Lol V. Stein, Duras e Lacan. E o autor localiza esses ternários na topologiaborromeana.
Qual o lugar do olhar nessas relações? Quem é arrebatado? De onde é possível olhar, ser olhado e perceber-se olhado? Quais as consequências disso para o sujeito? Quais as possibilidades do amor nas relações? Porge, ao formular e desenvolver essas questões, põe em ato a sua frase: “O lugar da escrita deve ser contado como um a mais.”
Com a contribuição de diversos psicanalistas argentinos e brasileiros, esse livro permite refletir, de maneira contundente, sobre questões que trazem em seu cerne a diferença sexual.

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