A Cidade Perdida do Deus Macaco – Douglas Preston - Tomo Literário

A Cidade Perdida do Deus Macaco – Douglas Preston

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“Nós estávamos voando sobre um Éden primitivo, procurando por uma cidade perdida, usando tecnologia de ponta para disparar bilhões de feixes de ‘laser’ em uma selva em que nenhum ser humano havia entrado, possivelmente, por quinhentos anos: uma ofensiva do século XXI sobre um mistério ancestral”.

A Cidade Perdida do Deus Macaco, de Douglas Preston, foi publicado no Brasil pela Editora Vestígio, com tradução de Cristina Antunes. O livro foi best-seller do The New York Times e do The Wall Street Journal.

É nas profundezas de Honduras, em uma região chamada La Mosquitia, que se encontra um dos últimos lugares inexplorados da Terra. Um dos mistérios mais intrigantes do nosso tempo está nessa região: a Cidade Branca, também chamada Cidade Perdida do Deus Macaco. Com ares de lenda, a existência desse lugar foi anunciada no século XVI por Hernán Cortés, um conquistador espanhol. O relato sobre a cidade constava em carta que enviou ao imperador Carlos V, seis anos depois da conquista do México. Foi aí que o mito da Cidade Blanca surgiu. O mistério permaneceu por muito tempo, pois desde então ninguém fora capaz de localizar tal cidade, ainda que tenha havido algumas expedições que levavam a crer que encontraram tal localidade. Como não conseguiam encontra-la, isso causou ainda mais mistério sobre o local.

O autor ouviu falar da cidade pela primeira vez no ano de 1996, ano em que fora designado pelo National Geographic para fazer uma matéria sobre o local. A cidade carrega mistérios em função da localidade em que está, do povo que teria vivido ali e até sobre a sua origem, que “alguns afirmavam que a cidade é maia, enquanto outros disseram que um povo desconhecido e agora desaparecido a construiu milhares de anos atrás”.

O jornalista e autor nos fala sobre a expedição que foi realizada em 2015 para encontrar a cidade que ganhava contornos de lenda, mas que era alvo de descobridores.

Adentrar numa região inexplorada como a floresta de Honduras parece realmente uma grande aventura, como revela o autor em certo trecho da obra: “De um jeito estranho o encontro aguçou a experiência de estar ali. Espantou-me que um vale tão primitivo e intocado ainda pudesse existir no século XXI. Era realmente um mundo perdido, um lugar que não nos queria e ao qual não pertencíamos.” Isso nos dá uma noção da controvérsia de sentimentos que é estar em um ambiente inóspito, inabitado, escondido e que ainda assim suscita fascínio.


Ao ler ficamos realmente impactados ao imaginar a hostilidade do ambiente inexplorado e a ansiedade em descobrir um lugar repleto de suspense, cercado de lendas. Lidar com insetos, animais, o ambiente selvagem e inúmeras adversidades, foram algumas das coisas que os homens que participaram da expedição enfrentaram em busca da Cidade Branca.

Algumas perguntas surgem ao leitor durante a jornada pelas páginas da publicação. O que teria feito a Cidade do Deus Macaco desaparecer? Quem a teria construído? E as respostas, caro leitor, nos são dadas.

O detalhamento feito por Douglas Preston sobre tudo que vivenciou antes até a descoberta da cidade nos permite adentrar a história como se lá estivéssemos. Destaco o fato de a parte inicial do livro abordar uma série de acontecimentos que precederam a expedição que partiu para localizar a Cidade Branca. Esse recurso alimenta o leitor de informações sobre tudo que permeia a história do local.

“Em meio a tudo isso, espiei pela janela hipnotizado. Eu mal posso encontrar palavras para descrever a opulência da floresta tropical que se desenrola abaixo de nós. As copas das árvores se agrupavam como num pé de brócolis, exibindo todos os matizes e tons possíveis de verde. Verde-lião, verde-bandeira, esmeralda, verde-água, verde-azulado, verde-garrafa, verde-claro, verde-aspargos, verde-oliva, cinza-esverdeado, jade, malaquita – meras palavras são inadequadas para expressar as infinidades cromáticas.”

Notadamente, as pesquisas realizadas na região de Mosquitia trouxeram significância para a compreensão sobre uma civilização desaparecida. A escavação arqueológica tem dois viés: ao mesmo tempo que trazem luz sobre a cultura desse povo, tornam-na ainda mais misteriosa. Mosquitia tem uma cultura que se aproximava muito da dos maias, como mencionado acima.

Conhecer a história da Cidade Branca é fascinante. O autor aborda ainda o que aconteceu com ele e outros conquistadores da expedição, após a passagem pelo local em Mosquitia e revela a visão dos arqueólogos em relação a exploração do local. O panorama dado pelo autor é amplo e bem detalhado. A estrutura do livro, seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos, facilita a compreensão sobre as nuances que são apresentadas e dos relatos que são feitos acerca da cidade e dos acontecimentos que precederam e sucederam à expedição que a encontrou.

Os relatos apresentados foram colhidos pelo autor em vídeo e áudio, mas a grande riqueza do trabalho reside no fato de que teve a sua própria experiência. Ter a história contada por quem participou da expedição deixa o livro ainda mais impactante.

Leitura recomendada.

Sobre o autor:

Douglas Preston | Foto: Mark Adams

Douglas Preston atuou como redator e editor nas publicações do American Museum of Natural History e lecionou na Princeton University. Escreveu para The New Yorker, Natural History, National Geographic, Harper’s Smithsonian Magazine e The Atlantic. Autor de vários livros de não ficção – incluindo o best seller O Monstro de Florença - , Preston também é coautor da famosa série de romances sobre o agente do FBI Aloysius Pendergast.

Ficha Técnica

Título: A Cidade Perdida do Deus Macaco
Escritor: Douglas Preston
Tradutora: Cristina Antunes
Editora: Vestígio
Edição:
Número de Páginas: 333
ISBN: 978-85-54126-08-7
Ano: 2019
Assunto: Arqueologia



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