Considerações sobre a 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo - Tomo Literário

Considerações sobre a 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

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A 25ª Bienal Internacional de São Paulo aconteceu de 03 até 12 de agosto, no Pavilhão do Anhembi. Reunindo inúmeros estandes de editoras, a feira atrai um público ávido por literatura. Autores nacionais e internacionais estiveram presentes nos estandes de suas casas editorais ou na arena principal. Passaram por lá, por exemplo, Charlie Donlea (A Garota do Lago), A. J. Finn (A Mulher na Janela), Maurício de Souza (criador da Turma da Mônica), Mário Sérgio Cortella (filósofo e escritor), entre outros.

O evento tem números impressionantes. Foram 1500 horas de conteúdo que aconteceram nos 70 mil metros quadrados do pavilhão. A estimativa era de receber cerca de 700 mil pessoas.

Para quem foi na edição passada (2016) deve ter sentido a redução do número de editoras e livrarias participantes. A travessa literária, por exemplo, tinha bem menos estandes de autores independentes do que no evento anterior.

Estandes e atrações

Notadamente, vimos que muitas editoras apostaram em espaços para fotografias, seguindo o exemplo da Editora Leya que em eventos passados teve como principal atração o trono de ferro da obra de George R. R. Martin. O que aconteceu também em 2018.

Em tempos em que a venda deveria ser o principal atrativo, houve editoras que optaram por estandes fechados, criando uma barreira com o leitor. Veja o exemplo da Editora Intrínseca, cujo túnel de livros atraia o público para tirar foto, mantendo uma fila na entrada do estande. O detalhe é que o túnel servia de acesso para leitores interessados em adquirir as obras. Com a fila permanente e uma folha de sulfite pendurada (indicando a entrada), era difícil entender o funcionamento do acesso. Dar vez a quem pretendia tirar fotos para compartilhar nas redes sociais, virou o mote da editora. O acesso aos livros ficou no plano secundário. Era difícil caminhar dentro da caixa de madeira durante a semana, imagine no sábado quando a Bienal teve nitidamente um número maior de pessoas circulando.

Outro exemplo disso foi a Companhia das Letras. Entradas apertadas dificultavam o acesso ao interior do estande e complicavam a saída. Havia no ar um medo latente de que os livros fossem roubados (ratificados por colaboradores que ficavam nas áreas de acesso). Mais uma vez a venda de livros vira coadjuvante.


Mas teve quem apostou em atrair o leitor/consumidor. A Faro Editorial tinha uma estande amplo, visível, com acesso fácil e com destaque para as obras disponíveis. E os autores nacionais (Marcos DeBrito, Marcus Barcelos, Júlio Hermann e Rodrigo de Oliveira) publicados pela editora, marcaram presença no espaço, que também recebeu dois de seus autores internacionais (Charlie Donlea e Lauren Baklely). Fácil para o consumidor ver preços e títulos e com espaço para circular, mesmo com a fila que havia para foto no trono de ossos, do livro de Rodrigo de Oliveira, a editora acertou no equilíbrio entre atração e venda.

Outro destaque fica por conta da Editora Coerência que manteve autores nacionais o tempo todo no estande, aproximando-os dos leitores e permitindo visibilidade dos livros. Sessões de autógrafos ao longo do dia atraíram público. Autores se revezaram no espaço destinado a autógrafos e no interior do estande.


O Grupo Editorial Pensamento, a Global Editora, a Leya, a Planeta e a Madras também apostaram em estandes abertos, como outras editoras. O primeiro tinha espaço para fotos com a parede do livro Zodíaco. Atraiu o público atrás de fotografia e deu visibilidade para as obras que estavam sendo comercializadas.

A oferta de livros por R$10,00 em alguns espaços, pareceu atrair boa parte do público. Garimpando, era possível encontrar bons títulos nesses estandes, que iam de literatura clássica à contemporânea, de obra comercializadas em bancas de jornais à livros de grandes editoras. Os espaços abertos, mais uma vez, facilitaram o acesso dos consumidores.

Público infantil

Ao longo da semana houve uma clara participação de escolas levando seus alunos. Os corredores sempre repletos de crianças são uma boa indicação. Num país em que pouco se prioriza o acesso aos livros, ver jovens e crianças transitando pelos corredores em busca de livros (e não só de atrações) foi bastante interessante. Presenciei algumas cenas de crianças comprando livros e perguntando sobre as obras.

Final de semana

Os dois últimos dias costumam ser os mais concorridos. Portanto, para quem pode e tem disponibilidade de ir à Bienal do Livro, durante a semana, fica uma boa dica para a próxima. Nos finais de semana, com o aumento de pessoas circulando, fica mais difícil o acesso às atrações, além de impossibilitar ver tudo que há nos estandes.

Nas redes sociais, foi possível notar que o último dia do evento, garantiu preços menores nas obras disponíveis.


Os números da 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou a informação de que 663 mil pessoas visitaram o evento. A expectativa, como mencionado anteriormente, era de 700 mil pessoas, tendo em vista que em 2016 o público foi de 684 mil.

Segundo informações veiculadas pelo jornal O Estado de São Paulo, o ticket médio (valor gasto por cada consumidor na Bienal) foi de R$ 161,57, valor que cresceu 33,3% em relação à edição anterior.

Ainda, de acordo com matéria veiculada pelo Estadão, temos os seguintes números:

Investimento estimado: R$ 32 milhões 
Público visitante: 663 mil
Área ocupada total: 75 mil metros quadrados
Expositores: 197 expositores
Espaços culturais: 14  
Horas de programação: 1500
Autores nacionais: 291 
Autores internacionais: 22
Visitação escolar: 100 mil alunos e 15 mil escolas agendadas

Considerações finais

A Bienal Internacional do Livro de São Paulo é, sem dúvida, um evento de grandioso e que chama a atenção do público ávido por literatura. O evento, além de aproximar os leitores dos autores, permite, para quem é ligado ao setor, a troca de informações e o networking. Leitores também se aproximam de leitores, o que torna a experiência mais rica.  

A literatura nacional e escritores nacionais, parecem ganhar mais destaque, tanto na arena principal, quanto nos estandes. E, fica a torcida, para que em 2020,  haja ainda mais espaço.




Um comentário:

  1. Boa tarde Eudes,

    Excelente texto o seu, concordo com tudo o que falou, necessita de melhorias? Necessita, mas no geral tem mais ponto positivo, essa Bienal foi uma das melhores....abraço.


    http://devoradordeletras.blogspot.com

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