[Entrevista] Lyli Lua - Tomo Literário


Uma sonhadora desde pequena, Lyli Lua se encontrou no mundo das letras ainda muito jovem folheando as primeiras páginas dos livros de Pedro Bandeira. A escritora falou ao Tomo Literário sobre seu livro Pecadores, seu livro que vem por aí, chamado Íris e publicações no Wattpad. Confira a entrevista.

Tomo Literário: Como foi o seu primeiro contato com a literatura?

Lily Lua: Eu faço parte deste mundo desde muito nova, chega a ser difícil dar uma certeza. Eu tinha uns oito anos quando li um livro pela primeira vez, quando uma vizinha me emprestou. Minha família nunca me apoiou de fato em literatura, então eu cheguei por outras vias. A partir daí, eu fui buscando mais livros e fazendo pequenos esboços em um caderninho, sobre novelas que eu escreveria um dia (era meu maior contato com storytelling, já que assistíamos todos os dias).

Tomo Literário: Quando e como você decidiu se tornar escritora?

Lily Lua: Isso também é muito difícil de dizer com certeza. Foi muito cedo, disso eu sei. Como eu disse, eu ficava dizendo que escreveria novelas e filmes primeiro, só depois que percebi que eu poderia escrever vários livros (e que seria até mais fácil do que escrever novelas hahaha).

Tomo Literário: Leco: Jogando com a Vida foi uma obra sobre deficiência e inclusão que foi feita com outros amigos para um projeto. Como foi esse trabalho? De que forma aquele projeto influenciou em sua decisão de ser escritora?

Lily Lua: Esse livro foi uma parceria do Instituto C&A com o projeto Abrace Um Aluno Escritor, uma série de oficinas que entrava nas escolas de ensino infantil e fundamental e trabalhava em livros a partir das ideias e experiências dos alunos. Eu recebi o convite da diretora da escola, que sabia que eu já era a louca dos livros, e trabalhei durante alguns meses com alunos de todas as idades nessa história. O livro então foi publicado a partir do projeto e distribuído nas escolas. Eu, infelizmente, só tenho um exemplar que guardo com muito carinho até hoje. Esse trabalho influenciou demais, porque foi quando eu finalmente pude parar e pensar: “caramba, esse negócio de ser escritora é possível!”

Tomo Literário: Você também participou de jornais na escola, recitou textos, participou de cursos. Como você vê o estímulo de educadores para que jovens entrem no universo da literatura?

Lily Lua: Eu considero muito necessário! Não tinha apoio da minha família, que desejava que eu fizesse Direito ou outra coisa desse tipo, uma profissão “clichê”, nada artístico. Sempre fui a diferentona nessa parte e já aguentei coisas terríveis, como parente me olhando nos olhos e falando que eu jamais iria publicar um livro, porque ninguém ia querer qualquer porcaria que eu escrevesse. O apoio que eu tinha estava em professores que conversavam e incentivavam, diferente da maioria dos familiares. Se não fosse por estes professores, eu provavelmente teria desistido.



Tomo Literário: Pecadores é o seu primeiro livro individual. Como surgiu a ideia do livro?

Lily Lua: Eu estava num momento peculiar, durante o ensino médio, sem saber o que fazer da vida depois daquilo e ávida por algo que sempre almejei e nunca havia me mexido para conseguir: publicar um livro só meu. Já tinha vários esboços e muitas histórias publicadas online, mas nunca um projeto realmente sólido de livro, então eu decidi que faria isso e peguei um esboço de fanfic que eu estava projetando sobre uma das minhas bandas favoritas e fiz modificações. Assim surgiu o Colégio São Cipriano e meus queridos Eva, Téo e Tiago.

Tomo Literário: Quanto tempo levou o processo de escrita até a publicação. E qual foi a esta mais complexa?

Lily Lua: Eu levei cerca de um ano no processo inteiro. Geralmente livros demandam mais tempo de trabalho (hoje em dia, por exemplo, eu calculo uma média de dois anos e meio por projeto, a partir da concepção da ideia), mas eu trabalhei como louca neste, passei várias noites em claro, porque estava muito ansiosa pra fazer tudo. Também cometi vários erros, como aceitar a primeira proposta de publicação e não pagar uma revisão profissional, o que encurtou o tempo.

Tomo Literário: Você tem publicações no Wattpad. Acredita que essa é uma ferramenta que aproxima o escritor dos leitores? Como tem sido a receptividade em relação aos livros que você publica por lá?

Lily Lua: Acredito sim no Wattpad como plataforma que aproxima escritor do público, mas também é um local que tem seus problemas. Por exemplo, leitores do Wattpad costumam ser resistentes a pagar pelo nosso trabalho, porque estão acostumados a ter tudo de graça. Há casos de amigas que foram chamadas até de mercenárias (!!!) ao tirar os livros da plataforma para publicá-los. Num geral, os leitores preferem as obras mais apelativas e focam só no romance, são os meus livros que fazem mais sucesso. As partes mais aprofundadas costumam ser ignoradas, como traumas e mistérios mais complexos. Mas, num geral, gosto da plataforma. Nesse momento eu estou me movendo para a plataforma Sweek, por problemas que tive com a equipe de suporte do Wattpad.

Tomo Literário: De modo geral o que te inspira a escrever?

Lily Lua: Tudo! O universo é minha fonte de inspiração. Às vezes vejo uma pessoa no ônibus e ela vira um novo personagem, pode ser uma conversa, um filme, uma série... Literalmente qualquer coisa pode se tornar um livro, já tive inspirações em momentos muito esquisitos, como fazendo uma prova, por exemplo.



Tomo Literário: Íris será o seu segundo livro. Como anda a conclusão desse projeto? Já está escrito? Tem editora? Quais são as expectativas?

Lily Lua: Está caótica! Hahahaha Íris já foi concluído há pouco mais de um ano e eu apenas fiz algumas modificações na história para a publicação. A publicação será feita por parceria com a Publiquei Editorial, uma nova prestadora de serviços do ramo, e levantaremos o dinheiro a partir de pré-venda num financiamento coletivo. Eu espero, no mínimo, vender o suficiente para pagar a tiragem hahahaha E depois disso que as pessoas leiam Íris e pensem sobre seus preconceitos do dia-a-dia.

Tomo Literário: Você está trabalhando em algum novo projeto literário? Pode nos contar?

Lily Lua: Não sei se posso, mas vou! Estou escrevendo uma ficção histórica no momento (editoras, me liguem!), que se passa no Brasil de 1935, mas envolve também a família real de uma nação africana que eu inventei há alguns anos justamente para ambientar várias histórias futuras lá. É um drama familiar que envolve amores do passado, política, cangaço brasileiro e protagonismo negro. Estou muito animada com esse livro novo.

Tomo Literário: Quais são os escritores que você admira ou que exerceram alguma influência sobre o seu trabalho como escritora?

Lily Lua: Tenho um grupo bem peculiar de musos inspiradores, digamos assim. No topo de tudo coloco Raphael Montes, um homem que admiro horrores, pois sua construção de clima nas histórias é impecável e ele sabe usar assuntos delicados sem cair na apelação. Sou apaixonada! Também amo o estilo de Dan Brown de ser explicativo e de Machado de Assis na construção dos diálogos. Carolina de Jesus também é uma grande fonte de inspiração por sua história e por usar linguagem de fácil compreensão para atingir mentes de todos os tipos. Amo também o estilo da Thati Machado, muito inclusivo e naturalizando assuntos que parecem tabus para algumas pessoas.

Tomo Literário: Que livros, de quais gêneros, você recomenda aos leitores? De que forma esses livros te tocam?

Lily Lua: Gosto de histórias pesadas, dramas, coisas tristes, mas também tenho meus momentos fofos hahaha Recomendo muito A Cartomante, de Machado de Assis, O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne, Com Outros Olhos, da Thati Machado, e, é claro, meu livro favorito: Dias Perfeitos, do Raphael Montes. São histórias que sabem trabalhar o trágico sem te fazer querer cortar os pulsos, na minha opinião. Recomendo demais!

Tomo Literário: Deseja deixar algum comentário para os leitores?

Lily Lua: Gostaria de agradecer a quem já me leu e recomendou, eu só continuo por causa do incentivo de vocês! Convido também a conhecer minhas obras, tenho vários livros gratuitos. E me adicionem nas redes, não se acanhem! Vamos construir uma rede de positividade, pois o mundo literário precisa disso.

Conheça os livros de Lily Lua


Pecadores

O Colégio Católico São Cipriano de Cartago recebe os jovens mais ricos do Brasil e se orgulha de sua rigorosidade, mas esconde debaixo dos fios de ouro um poço de hipocrisia. Quando Eva entra nesse mundo, sua vida muda para sempre. A jovem é arrebatada por uma avalanche de mistérios enquanto tenta desfazer a teia de mentiras que se formou em torno de uma intrigante morte. O acaso a leva para o caminho da perdição e, para agravar a situação, seu coração entra em jogo quando ela vê seu destino puxá-la na direção de problemas em dobro. Ela se vê presa entre mentiras, ardis e a descoberta do amor verdadeiro, num falso mundo santo onde precisa correr atrás de respostas. Muitos são suspeitos, talvez nem todos sejam culpados. Mas são todos pecadores.



Íris

Talvez o medo mais escondido de cada ser humano seja o da morte. A ideia de deixar este mundo sem cumprir totalmente nossos sonhos é tão desesperadora que pode ser capaz de nos impedir de realizá-los. Assim acontece com Íris.

A menina carrega o pesar da doença do amor: Íris tem AIDS. O vírus e a síndrome adquiridos na sua infância implicam em cada aspecto da sua vida, principalmente por ter a saúde debilitada graças a uma complicação em seu sistema imunológico. Ela se esconde do universo, com a esperança de que sua doença não afete a mais ninguém.

Quando Hugo, um jovem sem grandes ambições ou sonhos, descobre que a irmã de seu melhor amigo tem uma lista de desejos não realizados, ele sabe o que fazer.

Começa assim a jornada dos dois, que lutam contra um defeito biológico e contra si próprios. Uma história sobre amor, preconceito e amizade.

Link de compra: Em breve.


Inimigo Digital

Num mundo onde é mais fácil se encontrar com alguém online do que pessoalmente, também existe uma divisão de classes. O universo cibernético é uma monarquia. Enquanto há grandes nomes no topo da realeza (os "web celebrities"), na rabeira da cadeia alimentar vivem os exclusos, silenciosos e brilhantes hackers.

Laís, uma jovem e talentosa programadora, não imaginava ter sua vida virada de cabeça pra baixo neste verão, ao ser puxada na direção do navio pirata cibernético. Ela conhece os Headers, um grupo de adolescentes que desafia o universo ao seu redor com o auxílio de códigos, portas e barreiras virtuais. Infelizmente, nem tudo são flores e esse ano os Headers enfrentarão o inimigo que pode desmontar, pilar a pilar, a pirâmide digital que se sustenta sobre eles.



Million Dollar Man

A vida pública de Hayley Hill sempre fora conturbada por escândalos. A cantora pop de sucesso internacional têm uma carreira marcada por desastres e sua gravadora, a Megalomaniac Records, precisa que a garota ande na linha. Entre os altos e baixos do cruel mundo da fama, Hayley é apresentada a uma nova saída pra tirar seu nome da lama.

O jovem Ethan Brown é um homem do interior. Empresário responsável, só perde a compostura num octógono praticando seu hobby favorito: MMA. Ethan é o CEO da Casa de Vinhos dos Brown, uma distribuidora de bebidas de qualidade, mas que pecava em ser pouco conhecida. Ambos tinham objetivos ambiciosos pra alcançar e precisarão um do outro pra chegar lá.

A cena é montada, um romance falso é criado pra ser exposto frente às câmeras do mundo inteiro e as mentiras que os rodeiam serão a resposta para que encontrem finalmente a verdade dentro de si mesmos.


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