Boneco de Pano – Daniel Cole - Tomo Literário

“... Um cadáver só, mas... seis vítimas!”

O detetive William Oliver Layton-Fawkes, conhecido como Wolf (Lobo), em decorrência das iniciais de seu nome, passou por tratamento psicológico depois de uma agressão que cometeu. Mas ele volta a ativa. Emily Baxter, sua amiga e ex-parceira de investigações, pede ajuda num horrendo caso de assassinato.

Curiosamente um corpo apareceu no apartamento em frente ao de Wolf e o tal corpo é composto por partes de corpos de seis vítimas. As partes foram costuradas como se fosse um boneco de pano, nome dado pela imprensa ao crime e que dá título ao livro.

Andrea Hall, ex-esposa de Wolf e repórter, recebe anonimamente algumas fotos da cena do crime e uma lista seis nomes – o que leva todos a pensar que possivelmente tais pessoas serão as próximas a serem executadas pelo criminoso ainda não identificado. A lista contém também a data em que as mortes devem acontecer, numa demonstração de ousadia do responsável pelos assassinatos. O último nome da lista é o do detetive Wolf.

Posto tais fatos ao leitor, a trama do livro Boneco de Pano, o livro de estreia do autor Daniel Cole, se desenrola. O livro foi publicado no Brasil pela Editora Arqueiro em 2017 (336 páginas) com tradução de Marcelo Mendes.

Curiosamente, algumas das partes “emprestadas” para compor o corpo do boneco de pano tem alguma marca, o que pode ser usado pela investigação para chegar até o criminoso. Wolf, mesmo vendo-se diante da ameaça de ser atingido, imbui-se de seu espírito investigativo para elucidar os casos, da mesma forma que a Sargento Baxter, e seu estágio Edmunds, que veio do Departamento de Fraudes e é muito perspicaz. Eles travam uma verdadeira corrida contra o tempo para que possam proteger as pessoas que estão na lista, ao mesmo tempo que investigam quem são as pessoas que foram mortas e o motivo de tais crimes.

“Wolf chamou a atenção dele para o braço direito do monstrengo, que se estendia para a frente, sustentado por dezenas de fios de náilon. A palma da mão era bem mais clara que o roxo do resto da pele e das unhas perfeitamente cortadas, e outros tantos fios, fazendo as vezes de tendões, estiravam o dedo indicador.”

Durante o processo de investigação outros crimes acontecem, mesmo com a polícia procurando proteger aqueles que tinham o nome na sinistra lista divulgada pela imprensa.

Além do clima de tensão que paira nas cenas, em função dos crimes que ocorrem, Daniel Cole usa de uma pitada de humor, o que se revela, sobretudo, nos diálogos jocosos e irônicos que os personagens travam, falando tanto de si próprios quando das situações que vivem. Os personagens criados por Cole são críveis e não apresentam apenas o lado bom ou mal, navegam tranquilamente pelos dois mares, demonstrando a dualidade de suas personalidades. São capazes, portanto, de despertar simpatia e antipatia do leitor em certas passagens, dependendo da postura que adotam para tratar um dado assunto. E mesmo os personagens secundários são bem delineados.

Em paralelo, um caso apresentado no prólogo, que acontecera quatro anos antes ao surgimento do corpo do boneco, vai se entremeando. O caso é o de um serial killer, chamado de Cremador pela imprensa e que teria matado 27 vítimas em 27 dias, todas elas prostitutas. Wolf, o detetive do caso do boneco de pano, fora o responsável pela prisão de Naguib Khalid, o famigerado psicopata.

A trama é bem costurada (sem trocadilhos com o boneco de pano) e traz surpresas e reviravoltas ao longo da história. Num ritmo ágil que não cansa o leitor, Boneco de Pano é um thriller policial, que dá vontade de seguir lendo para descortinar as razões das mortes das pessoas que foram usadas e da existência da sinistra lista, além de porque Wolf está nela. O que cria um jogo interessante com o leitor. A forma com que o autor narra, em terceira pessoa, é eletrizante.

Emily tem de proteger seu amigo Wolf e as demais vítimas, Edmunds quer demonstrar sua capacidade investigativa, embora tenha questões pessoais para tratar, Wolf acaba sendo atingido em cheio por memórias de seu passado, Andrea tem de lidar com a informação antecipada de que seu ex-marido pode morrer e ela é quem anunciará a morte dele pela televisão, um chefe do telejornal demonstra sua ganância, outros personagens ligados à polícia colocam em dúvida a sanidade de Wolf. Várias camadas da trama se sobrepõe para dar luz aos crimes.

São vários os elementos que vão sendo colocados na trama ao longo da história e as pontas se fecham. Vale mencionar ainda que é interessante que a história não fique girando apenas e tão somente nas investigações sobre os corpos, mas também sobre a possibilidade de salvar quem está vivo (e que pode ser assassinado).

Um ótimo livro policial.

Foto: Ellis Parinder
Sobre o autor

Daniel Cole já trabalhou como paramédico, foi oficial da Real Sociedade protetora do Animais e membro da Guarda Costeira Real, sempre imbuído do desejo de salvar pessoas – ou talvez movido pela culpa de ter matado tantos personagens em seus textos. Boneco de Pano é seu primeiro livro, escrito originalmente como piloto para uma série de TV, e, nos primeiros dias após o lançamento no Reino Unido e na Holanda, já foi direto para as principais listas de mais vendidos. Ele vive em Bournemouth, na Inglaterra.

Ficha Técnica

Título: Boneco de Pano
Escritor: Daniel Cole
Editora: Arqueiro
Edição:
ISBN: 978-85-8041-703-6
Número de Páginas: 336
Ano: 2017
Assunto: Ficção inglesa

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