[Entrevista] Marcos Welinton Freitas - Tomo Literário

[Entrevista] Marcos Welinton Freitas

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Marcos Welinton Freitas concedeu entrevista ao Tomo Literário. Ele fala sobre carreira, seus livros, mitologia, autopublicação e indica grandes autores. Confira:

Tomo Literário: Conte um pouco sobre sua carreira como escritor. Como iniciou seu trabalho no meio literário?

Marcos Welinton: Bem, eu tenho andado já um tempo em meio a publicações. Comecei a escrever bem cedo, meu primeiro conto por exemplo, escrevi na quarta séria, tinha uns nove anos de idade, e ele era erótico. Lembro da personagem e o do título que se chamava A sedução. Sempre carregava comigo um caderninho onde fazia versões de outras histórias, como Titanic – escrevi umas dez versões desse filme – e João e Maria. Como eu desenhava, sempre fazia fanzines e minhas histórias eram ilustradas. Por exemplo, quando escrevi minha versão de João e Maria – Na Terra dos sonhos – foi num caderno de dez matérias com muitas ilustrações. Meu primeiro livro foi publicado em 2012, e era uma coletânea de poesias, seguido por outro em 2013 que também era de poesias. Em 2012 ainda, saiu meu primeiro texto em prosa numa antologia, chamado O Banquete – Making Off, fazendo clara alusão ao livro de Platão. A antologia foi publicada pela Multifoco e se chamava Ponto G. Após isso só vim publicar livro físico em 2016, no finalzinho, que é o meu drama erótico, Epicuro em meu Jardim. Fora isso publico em plataformas digitais como a Amazon e Wattpad. 

Tomo Literário: Em Epícuro em Meu Jardim a protagonista está envolvida com a literatura e com o prazer. De onde veio a sua ideia ou inspiração para o livro?

Marcos Welinton: Epicuro em meu jardim nasceu da ideia de um conto, que levava o mesmo nome e que passou a ser o primeiro capítulo do livro. Eu escrevi o conto a três anos atrás depois de ler o livro de poesias O Lado Fatal de Lya Luft. Neste livro a autora conta como superou a morte do marido através da literatura. Inspirado nessa história e na leitura de livros de Hilda Hilst e Clarice Lispector eu quis criar uma história que beirasse os poemas de Lya, mas que viesse carregada de fogo como no livro Do Desejo da Hilda. Então surgiu a personagem Hedonê, uma mulher forte, determinada, que está perdida no mundo e que acha na busca compulsiva pelo prazer e na literatura uma forma de se encontrar e se salvar.

Tomo Literário: Seus personagens carregam nomes ligados a mitologia. É uma fonte que te alimenta como escritor? Como você compõe esses personagens?

Marcos Welinton: No romance Epicuro em meu jardim eu quis brincar com mitologia. Apesar de ser um  romance contemporâneo, ele de certa forma é retrata do num ambiente clássico de introspecção. A Hedonê na verdade não existe, é o codinome que a personagem usa para ir em busca de homens para lhe dar prazer. Hedonê é a filha de Eros e Psiquê, o encontro da carne e da alma, que geram o prazer. Fiz clara alusão a este mito, porém Eros, que seria o pai de Hedonê vem neste romance como um amante apaixonado, mas que de certa forma é o seu guia para chegar ao seu ponto de convergência e se reencontrar. Usei o nome Eros, por que todos os atos podem ser interpretados no reino da paixão sem nenhum pudor. Além disso há a alusão ao filosofo Epicuro no título do livro, que também remete a um ambiente clássico, o Jardim, onde ele se reunia com os seus para discutir sobre filosofia. Hedonê ainda faz alusão ao Hedonismo e aos mores líquidos de Bauman, em choque com a prudência pregado por Epicuro na busca de prazer, pois para o filosofo o prazer demasiado por causar dor.


Tomo Literário: Você tem contos publicados na Amazon. Como vê o uso de canais de auto publicação para os escritores brasileiros? É uma necessidade do mercado?

Marcos Welinton: Tenho três contos publicados na Amazon. TAU que conta a história de um semideus cruel e sensual, filho da deusa Afrodite. Há também os contos Hedonê – Novelas nada delicadas e A Canção da Morte. O primeiro como um Spin-off de Epicuro em meu jardim e o segundo um conto de terror, cheio de nuances sobre feminismo e vingança. Acho interessante a ferramenta de auto publicação, como a Amazon, até por que publicar um livro é bastante caro e as editoras não estão dispostas a investirem em novos autores, já que o nosso mercado literário, além de contar com uma infinidade de autores, há uma supervalorização dos autores de fora. O único problema é que as vezes o livro acaba perdendo a qualidade, pois o autor se deixa levar pela emoção e publica qualquer coisa com qualquer capa e sem a revisão adequada. Acho que como tem acontecido com a música, nas plataformas de Streams digitais, o mesmo se dará com os livros. É uma necessidade do capital, expandir os horizontes, tornar mais fácil a compra de produtos para que isso gere mais vendas, inovar para gerar lucro.

Tomo Literário: Quais são os autores e livros de quaisquer gêneros que você recomendaria? Por qual motivo?

Marcos Welinton: Eu amo Clarice Lispector, e quem me conhece e leu os meus livros sabe disso, acho que ela é essencial para leitores e autores. Os nossos contemporâneos em indicaria o Mario Filipe Cavalcanti que escreve muito bem, além de ser autor premiado e ter escrito o lindo e reflexivo Caninos Amarelados. E também a Adriana Vargas que foge do estereótipo de submissão forçada – que não passa da romantização de um relacionamento abusivo – e escreve sobre BDSM com nuances sobrenaturais. Além é claro dos clássicos, Hilda Hilst, Herman Hesse, Olga Savary, Guimarães Rosa e Alvarez de Azevedo – que é o meu amor.

Tomo Literário: Está trabalhando em algum novo projeto literário? Pode nos contar?

Marcos Welinton: Estou finalizando um romance LGBT, que conta a história de dois homens que se conhecem em determinadas circunstâncias e acabam desenvolvendo um romance. Porém, há vários empecilhos em suas vidas para que eles concretizem o seu amor, o primeiro é que um deles é Padre. Eu estou expondo um pouco casos de homofobia, usando cenas pesadas de espancamentos, além de não ter abandonado as cenas hots e descrevendo as impressões que outras pessoas tem ao se deparar diante de um romance homoafetivo.  Sinopse, tenho guardada debaixo de sete palmos, logo logo revelo ela para os leitores.

Tomo Literário: Deseja deixar um comentário aos leitores?

Marcos Welinton: Leiam, leiam muito, a leitura pode levar vocês para qualquer lugar do mundo, além de proporcionar conhecimento, e o conhecimento move montanhas.

Foto: Reprodução
Mais sobre o autor:

Marcos Welinton Freitas é baiano do Bravo/Serra Preta. Escritor, poeta e contista é graduando em Economia pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Participação em antologias/revistas: Participou da Antologia de contos eróticos no Brasil (“Ponto G” – Multifoco/RJ, 2013). Publicações: Publicou os livros “Poesia proibida” (Editora Multifoco/RJ, 2012), “Badalos do século XXI” (Editora Penalux/SP, 2013) e Epicuro em meu jardim – Editora Multifoco/RJ, 2016-. Tem participação em edição online da Revista Mallamargens, 2014 (http://www.mallarmargens.com/).

Conheça os livros do autor:

Epícuro em Meu Jardim

A vida às vezes nos põe no pelourinho, abrindo em nós feridas que parecem que nunca cicatrizarão, foi assim com Hedonê. Após perder o grande amor da sua vida em circunstâncias fatais, a tristeza abraçou-a de tal modo que até a única coisa que podia salvá-la de si mesmo ela perdeu, a sua literatura. A poesia deixou de fazer-lhe companhia, e ela se tornou uma escritora falida, sem muito o que dizer do mundo, e sem interesse de permanecer viva. Para aplacar sua dor e sentir-se como antes, buscando o seu antigo eu perdido, Hedonê se veste com toda a sua luxúria e sai às ruas da cidade à procura de corpos que possam lhe proporcionar o prazer que haverá de lhe afastar da dor. Nessa busca compulsiva por uma saciedade perdida, ela acaba conhecendo Eros, um jovem e belo fotógrafo que a arranca da sua zona de desconforto e a faz repensar a sua vida e a sua obrigação de seguir em frente, mesmo após tudo o que fora tirado dela.

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Hedonê: Novelas Nada Delicadas (Conto 1)

Refeita e feliz, após os episódios que a levaram ao seu temeroso infortúnio, Hedonê agora completamente entregue a Eros, se revela muito mais sensual do que já fora um dia. Dedicada a escrita de contos e poesias, ela passa a narrar fatos da sua vida que culminarão no seu grande momento de vitória.

Paralelo a sua história, Volúpia, uma mulher voluptuosa e fogosa, como a chamariam belos mancebos que se aconchegaram em seu interior, tem que aprender a lhe dar com o dilema da sua vida: ser uma ninfomaníaca. Ela embrenha por aventuras sexuais, e conhece vários homens e também algumas mulheres.

Este é o primeiro conto da série “Novelas Nada Delicadas” e trás lapsos momentâneos de Hedonê

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Badalos do Século XXI

Você acorda e de repente se encontra em um século qualquer... No século XXI. Daí se pergunta, o apocalipse passou por aqui? Transmudada, uma sociedade em peso conturbada. Lobisomens, vampiros, demônios, anjos, entre outras milhares de criaturas sombrias habitam as páginas de livros e as telas do cinema. O que sobrou para os humanos? A sinestesia e a vã filosofia ainda restam, não sabemos quem somos e o que devemos fazer para nos conhecermos, talvez mais que nunca, não sabemos nada e nem como chegar a alguma coisa. “Badalos do Século XXI” é a obra do revolucionismo, que promete tirar o homem de seu lugar cômodo, refletir com arte e ficar estupidamente conturbado, sem as criaturas best sellers mas com as bestas da nossa incompreensão. Um olhar inovador de nossa sociedade com a poeticidade de um crítico orgástico, assim é essa obra magnífica e revolucionária.

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A Canção da Morte

O que você seria capaz de fazer por vingança?

Não, eu nunca fui dada a acreditar em destino ou coisa parecida, mas há coisas que nos acontecem que induzem nosso pensamento a crer que determinadas circunstâncias se desenrolam porque já foram premeditadas pelo ocaso. Longe de mim, querer divinizar qualquer coisa que seja, eu que nunca fui dada a levantar crenças em divindades ou coisas do tipo, no entanto, há alguns fatos que aconteceram comigo que eu gostaria de discorrer, não só no intuito de querer me explicar e provar que nessa história toda, eu fui a única inocente, e como nesse exato momento posso estar correndo um sério risco de vida.

Tudo que se seguirá no meu depoimento, pode em algum momento, parecer ilusório ou fantasioso demais, mas eu não perderia o meu tempo discorrendo sobre coisas que não tivessem realmente acontecido comigo.

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Taú

TAÚ, é um conto erótico que conta a história de uma divindade. Banhado de sensualidade, esse guerreiro, TAÚ, toma para si, não só moças como homens, no intuito de subtrair deles o prazer, e de matar a sua fome por sexo.

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